Dia do Jornalista
Apenas um telefonema recebido no meio da tarde felicitou-me pela data. Que desprestígio o meu. Na redação, nem uma menção. Quando iniciei no mundo das letras jornalísticas, lá nos idos de 86, a data era muito bem celebrada. Durante todo o dia a redação era inundada por telegramas, telexs, cartas, mensagens, flores, etc. Chegavam presentes das mais variadas empresas e instituições. De bons vinhos a cestas de chocolate, passando por belos brindes e alguns bons prêmios que democraticamente eram sorteados entre os colegas. Existia um reconhecimento da sociedade civil organizada pelo dia de um profissional indispensável à coletividade; um trabalhador que ama e se dedica ao que faz entregando-se de corpo e alma à sua árdua e sempre mal-remunerada função. Os regalos são simbólicos e remeteriam, no máximo, a certo prestígio perdido. Hoje os tempos são outros. A profissão se esvaziou. De uma importante função social virou pró-forme. Na maioria dos canais só existem telejornais porque eles são obrigatórios para manter as concessões. Estas, na maioria, resultado de uma grande vergonha. E os jornalistas? Não conseguiram um canal para sua coletividade. Sequer para falar da profissão. Quanto mais para se posicionar na sociedade em questões essenciais e necessárias que esta função não pode ficar de fora. E saber hoje que há empresas onde os representantes do sindicato que representa a categoria sequer podem entrar na emissora.
Sou do tempo em que o departamento comercial entrava na redação de cabeça baixa para fazer algum pedido. A direção via e tratava a redação como algo sacro santo.
E era. Já era.
Hoje é a redação que abaixa a cabeça por tudo e para todos.
Nas empresas jornalísticas, a redação era (e deveria continuar sendo) a alma da empresa; é dali que sai o negócio, o modelo de negócio (notícia). É ali que estão aqueles que fazem (e farão) o negócio render. Trazem prestígio e respeito para a empresa. Empunham a bandeira da credibilidade a duras penas.
Mas hoje não é bem assim. A classe, cada vez mais desunida, se submete a jornadas de trabalho irresponsavelmente incríveis. Salários vergonhosos e falta de condições para poder exercer sua profissão de forma digna. Nenhuma garantia trabalhista ou benefício. Plano de cargos e salários é algo jamais cumprido e as histórias de horror seguem tetrificando-nos.
Esses dias fiquei sabendo que uma colega chegou a trabalhar três turnos direto: entrou às três da manhã e saiu só depois das 18h. Pegou um trânsito gigantesco e acabou batendo o carro...
Outra história foi do amigo que, sem internet, “montou” um computador pra poder trabalhar na emissora. É que o netbook que ele arranjou pela redação virou lenda e ele teve que se virar. Fez uma máquina juntando tudo o que encontrou pela redação. Isso para poder trabalhar.
Parabéns Jornalista pelo seu dia !Viatnamista?Só as 23h15.
DO CLUBE
Cosme Rímoli, jornalista dos bons, anda quebrando tudo nos blogs da vida. Hoje arrebentou com mais uma do Adriano e sua necessária internação. Saiu até no Jornal da Band. O homem tá virando um fenomeno na net: três milhões de acessos em 45 dias se não em engano. È brincadeira?
http://blogdocosmerimoli.blog.uol.com.br/
Não me espanta se o Imperador pegar o avião amanhã pra passar a sexta-feira santa pedindo perdão na Itália, próximo do Papa.