A gangorra da vida me elevou às alturas ontem com um
sopro de esperança ao tomar a primeira dose da vacina. Hoje eis-me aqui embaixo
chorando a perda da matriarca de minha família: morreu nesta tarde em Curitiba
minha vó Stefânia Wojtyga.
A Nonagenária que atravessou o Atlântico com três filhos e
marido na esperança de dias melhores fugindo do pós-guerra, fincou suas raízes
no simpático bairro da Barreirinha onde criou seis filhos e foi feliz ao lado
de uma dezena de netos e outros tantos amados bisnetos.
Eu tive a graça de ter sido o único neto a ter nascido
naquela casa: ela ajudou no parto e ainda escolheu nome, sempre contava
orgulhosa.
Que privilégio o meu.
O quarto de massagem onde ela cuidou de tanta gente era
uma espécie de santuário para mim onde eu sempre me reconectava. Não imagino
como será agora entrar naquele lugar sem ela.
Hoje havia planejado de ligar pra a Vó a fim de contar
sobre a vacina, mas notícia ruim parece mesmo que corre mais rápido e fui surpreendido
ao saber que ela não passara bem logo cedo. O coração que acolheu a tantos
parou de bater no fim desta tarde.
Viveu plena. Morreu lúcida e digna graças ao apoio de
filhos e netos amorosos a quem agradeço imensamente até o fim dos meus dias. Em
especial uma homenagem às filhas Irene e Cristina, incansáveis no cuidado e na dedicação.
A vocês amadas: meus respeitos, eterno amor e gratidão.
A mim, confesso, fico menor, mais pobre e mais fraco. Certamente
é um dos dias mais difíceis que já passei junto com a perda de minha mãe, a primogênita
da Vó, há quase 10 anos.
Ainda mais nestes dias de Covid em que as despedidas são
assim, de longe, pelo digital, sem o abraço fraterno, o choro compartilhado.
Ela merecia um funeral histórico por tudo que representa
naquela comunidade, mais isso para lamentar.
Para jamais esquecer: o amor e o carinho que ali transbordava
a cada visita, videochamada ou telefonema. Sempre tínhamos planos, alguns
cumprimos e outros ficam pra eternidade.
Obrigado Vó. Te Amo!!