Se só me restassem duas palavras: sem anistia
Se só me restassem três palavras: Bolsonaro sem anistia
Se eu fosse cravar alguma coisa numa árvore, dentro de um coração: sem anistia.
Se eu tivesse que batizar dois cachorros: Sem e Anistia.
Se eu fosse uma atriz de novela: para aqueles salafrários, nenhuma anistia.
Se eu fosse uma atriz de filme pornô: oh, no, oh, no anistia!
Se eu fosse um barítono: SEM ANISTIA.
Se eu errasse no português: cem anistia.
Se eu fosse crente: Senhor, sem anistia.
Se eu nomeasse um planeta: 100 Anistia.
Se eu mandasse uma mensagem na garrafa: S.O.S.em anistia.
Para os terroristas que rasgaram a obra-prima de Di Cavalcanti a facadas, arrancaram do pedestal a bailarina de Brecheret, espancaram o cavalo inocente da polícia, quebraram as vidraças e cadeiras que nós vamos pagar, furtaram togas do STF, usaram uma picareta para arrancar pedras da Praça dos Três poderes, levaram documentos e HDs do governo: sem anistia.
Para os policiais do Distrito Federal que abandonaram a barreira e foram comprar água de coco enquanto os manifestantes invadiam o STF e, especialmente, para quem dava ordens a eles: sem anistia.
Para quem me fez perder a poesia no meio do texto: sem anistia.
Para os homens brancos que subiram a rampa do Planalto certos de que podem seguir cometendo impunes os crimes que os homens brancos cometem impunes nesse país há 500 anos: sem anistia.
Para a mulher que invadiu o STF com uma Bíblia aberta sobre a cabeça desrespeitando a crença de tantos milhões: um milhão de vezes sem anistia.
Para o homenzinho que mostrou a bunda sob a nossa bandeira e atestou que não há distinção entre o que vai no seu cérebro e no seu intestino: sem anistia.
Para os empresários e madeireiros que bancaram as viagens de ônibus e agora se escondem, como covardes que sempre foram, por trás dos rostos da massa de manobra: sem anistia.
Para quem faz pouco de uma democracia reconquistada com a saúde física e mental de 2.000 torturados e com a vida de mais de 500 mortos pela ditadura: sem anistia.
Para quem permanece no silêncio vexatório dos coniventes: sem a minha anistia.
Se só me restassem três palavras: Bolsonaro sem anistia.
E se eu te convidasse para repetir alguma coisa comigo?