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quarta-feira, 24 de maio de 2023

 A Espanha racista não é a  de Ortega e Gasset, é a de Franco. É a Espanha de Torquemada, não  a de Cervantes. Tampouco é a Espanha de Miguel  Unamuno. É a Espanha do general Milán Astray berrando “Abaixo a inteligência, viva a morte!” Não é a Espanha de La Pasionária, de Pablo Picasso, Salvador Dali  e Garcia Lorca. É a Espanha dos falangistas, da Divisão Azul que lutou ao lado de Hitler.  A Espanha covarde, intolerante,  é a que vai para o estádio de futebol não para torcer pelo seu time, mais para soltar seu canto  cavernoso e liberar seus instintos mais primitivos de racismo. 

E essa Espanha   ainda se julga civilizada e de uma raça superior. Sim,  Os que xingam de “monos” jogadores negros se julgam  a raça eleita por Deus, assim como os arianos de Hitler se julgavam uma raça superior.

A Espanha que pela nona vez foi palco de ato racista contra Vinícius Junior é mesma que exterminou Incas, Maias e Astecas. Não é a de Jorge Semprun, Carlos Saura e Santiago Carrilho. Tampouco a de Guardiola, Gento e  Iniesta. 

 Não é a bandeira da liberdade empunhada pelos republicanos na guerra civil espanhola. É a Espanha  apoiada pelos camisas negras de Mussolini. É a Espanha franquista.  É o horror de Guernica destruídas pelo bombardeio fascista.

Essa Espanha tétrica só saiu das cavernas para a luz do dia extravasar seu racismo nos estádios de futebol porque  se sente estimulada pela impunidade. E pelo silêncio cúmplice de uma sociedade que deixa crescer em seu ventre o mesmo racismo da Alemanha hitlerista. Antes eram os judeus a sub-raça. Agora são os negros.


Tiberio Canuto