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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Importante




Em defesa da EBC, pela pluralidade na comunicação brasileira e contra os ataques do governo à comunicação pública
Na última semana, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e seus trabalhadores voltaram a ser alvo de ataques do governo. No último domingo, a Folha de S. Paulo publicou a intenção do natimorto governo Temer de extinguir a empresa pública de comunicação. Antes, O Estado de S. Paulo questionava de atestado a salários dos trabalhadores da EBC.
Em seus primeiros dias de governo, Temer golpeou a EBC ao caçar a autonomia da comunicação pública com uma Medida Provisória que extinguiu o Conselho Curador da empresa e extinguiu o mandato de seu presidente. Agora, o governo assume a estratégia de plantar notícias em jornais como forma de criar fatos contra a comunicação pública brasileira.
A criação da EBC foi uma demanda da sociedade, como forma a atender a Constituição Federal de 1988, que estabeleceu o sistema público de comunicação. Para sua criação, uma ampla parcela de entidades da sociedade civil se mobilizou em torno desse projeto, que deve garantir a pluralidade e diversidade na mídia brasileira e a liberdade de expressão da população, que não encontra espaços na mídia privada. A EBC não tem e sequer deveria ter como “dono” os mandatários do Executivo, ela é um patrimônio do povo brasileiro.
Seus trabalhadores, que parte ingressou na empresa por concurso após 2011 e outra parte já atuava no serviço público pela antiga Radiobrás e TVE, são os que mais lutam em defesa de uma comunicação que atenda os interesses da sociedade e não do governo. Por isso, resistem as diversas ameaças de censura, lutam por salários justos – já que a empresa paga o menor salário entre o funcionalismo federal -, e defendem a empresa frente ao desmonte provocado por Temer e seus asseclas.
A EBC cumpre um papel fundamental na comunicação brasileira e, apesar das inúmeras tentativas do governo em transformar o seu jornalismo em oficial, contrariando a legislação e o Manual de Jornalismo da emissora, vem conseguindo centenas de prêmios regionais e nacionais, seja pela Rádio Nacional, TV Brasil e Agência Brasil. Destacamos o último deles: a reportagem “Assédio sexual no trabalho: um crime silenciado”, produzida pela TV Brasil, que conquistou o 13º Troféu Mulher Imprensa.
A empresa pública cumpre um papel fundamental de difundir a cultura brasileira, sendo o maior canal exibidor do cinema nacional em TV aberta. Além disso, mantém também a maior faixa infantil com programação educativa de referência em todo país. Com uma programação extensa em suas sete rádios, valoriza a cidadania, a cultura e a informação aos milhares de ouvintes em todo o país, principalmente na região amazônica.
O que espanta ainda mais os trabalhadores é a forma como diretores e gerentes, indicados pelo próprio governo, agem contra a própria EBC, plantando notícias na imprensa, mentindo sobre os direitos dos empregados, além de buscarem a irrelevância da empresa impondo uma linha chapa-branca nos veículos públicos - descumprindo inclusive o que diz a lei que criou a EBC.
Temer não tem legitimidade para propor a extinção da Empresa Brasil de Comunicação. O expediente que está sendo usado, de corroer a imagem da empresa pública, já foi utilizado pela ânsia privatista da elite brasileira. Mas temos certeza que os trabalhadores continuarão a resistir e a sociedade irá se manifestar contra o absurdo desta proposta. A Constituição garante a existência da EBC e a população demanda uma mídia pública para o livre direito de se comunicar.
Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ
Sindicatos dos Jornalistas do DF, RIO e SP
Sindicatos dos Radialistas do DF, RJ e SP
Comissão de Empregados da EBC

quarta-feira, 21 de março de 2018

Censura!! Estado de Exceção

Nota: o jornalismo sequestrado na EBC

O jornal Folha de S.Paulo noticiou hoje (20/03) a ordem de um gerente da Agência Brasil de diminuir a cobertura sobre a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes no Rio de Janeiro. Ontem (19), o gerente-executivo da Agência, também por email, ordenou que a sucursal da empresa no Rio de Janeiro deixe de fazer a cobertura de manifestações motivadas pelo brutal crime por considerar o tema "repetitivo" e "cansativo".

O governo, assim, diz que auxilia a investigação do caso, mas pede que diminua a cobertura pela EBC. Um jogo duplo grave contra a democracia. Um dos chefes da mesma Agência Brasil, citado pela Folha, foi assessor, por 6 anos, do atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e do Ministério da Defesa. As ordens dele, nas últimas semanas, são de um relações públicas, exigindo a cobertura de todas as ações da intervenção, incluindo pautas menos relevantes, como a distribuição de flores pelos militares, na Vila Kennedy, e da revista em infantil, o Recrutinha, em São Gonçalo. Desta forma, tem sobrecarregado a pequena equipe da sucursal, impedida de fazer a cobertura aprofundada do tema, mostrando os problemas históricos na segurança pública do Estado.

O fato é grave somado ao contrato com a Agência Nacional de Água (ANA), que sobrecarrega as equipes, prejudicando a cobertura de diversas notícias, como a própria investigação sobre o caso da execução da vereadora e de seu motorista. Os Sindicatos, Comissão e representantes abaixo assinados reiteram que esse contrato, de 1,8 milhão de reais com a ANA para a cobertura do Fórum Mundial da Água, viola a independência e a autonomia editorial da EBC.

Esta “prestação de serviço” - conforme interpretação legal propositalmente equivocada da diretoria da EBC -  não pode colidir com as diretrizes fixadas em lei para os veículos públicos. Não há explicação razoável para que essa cobertura paga não tenha sido feita pelo canal de TV NBR e pela Voz do Brasil, cujo conteúdo é orientado pela Presidência da República. Com o contrato ilegal, alertamos que ANA e governos estaduais e federal conseguem intervir no conteúdo, sempre a seu favor.

O nível da censura chegou a barrar posições críticas à empresas patrocinadoras do evento e atingiu o ápice com a demissão do chefe de Redação da Agência Brasil, em São Paulo, o jornalista Décio Trujilo, há poucas semanas, por pressão do governo de São Paulo, depois de matéria que desagradou, sobre problemas no abastecimento em SP. Vale lembrar que, enquanto a Agência Brasil publica cerca de 10 matérias por dia sobre o Fórum Mundial da Água, devido a sobrecarga dessa cobertura paga, a EBC, pela primeira vez desde de sua criação, deixou de cobrir o Fórum Social Mundial e mal vem cobrindo o Fórum Mundial Alternativo da Água, que reúne ambientalistas e especialistas críticos ao fórum oficial. Importante destacar que ambos os fóruns têm cobertura da mídia comercial, dadas suas relevâncias.

Assim, as entidades, em resposta à demanda dos trabalhadores e trabalhadoras, pontuam três questões básicas direcionadas aos colegas, nas coberturas em todas as praças:

1) Aqueles que se sentirem constrangidos pelo contrato, por seus problemas legais ou editoriais, têm todo o direito de se recusar a produzir, escrever, editar e finalizar os diferentes conteúdos. O amparo está no Código de Ética dos Jornalistas (Cláusula de Consciência) e também no Código de Ética da própria EBC. Ambos garantem aos profissionais a discordância de uma cobertura imposta, com características ilegais.

2) Há também o direito de não assinar as matérias ou, no caso da televisão, de não gravar a “passagem” (momento em que o jornalista mostra seu rosto na reportagem). Isso também encontra amparo na Cláusula de Consciência estabelecida pelo Código de Ética dos Jornalistas. Ao informar a chefia sobre tal procedimento, pode ser citada a cláusula referida:

“Capítulo IV - Das relações profissionais  Art.  13.  A  cláusula  de  consciência  é  um  direito  do  jornalista,  podendo  o  profissional  se  recusar  a  executar  quaisquer  tarefas  em  desacordo  com  os  princípios deste Código de Ética ou que agridam as suas convicções”.  Ainda, o Manual de Jornalismo da EBC, na página 38, deixa claro que o apoio financeiro não está incluso nas possibilidades de cobertura jornalística da empresa:  “Como regra geral, a EBC não recebe apoios externos para a  realização do trabalho jornalístico. Contudo, algumas coberturas podem receber apoio logístico e operacional de órgãos do governo ou de instituições públicas e privadas. Para que não haja conflitos de interesses é necessário considerar a motivação do apoio proposto. Se o assunto merece ser abordado mesmo sem a existência do apoio, se a produção for inviável sem o apoio, se é motivado pelo interesse público e não busca benefício financeiro, partidário ou promoção do órgão, pessoa ou entidade que ensejou a produção, em conformidade com o princípio da impessoalidade, pode-se  concretizar a cobertura. É preciso deixar claro ao público esse apoio”. 

3) Assim, por último, seguimos exigindo que as produções textuais para TV, rádio e internet reservem um espaço, inicial ou final, para deixar claro a todos brasileiros que o financiamento desta cobertura foi feito via contrato entre EBC e ANA. Essa informação visa transparência, não possibilitando qualquer forma de dissimulação e garante ao público o direito constitucional à informação. A Lei de criação da EBC é clara ao fixar os princípios e objetivos da comunicação pública, cujo jornalismo não deve ser subordinado a governos, partidos ou órgãos específicos. A EBC existe, a partir de uma demanda da sociedade, para exercer um papel de cobertura jornalística, não de propaganda institucional.

Sindicato dos Jornalistas do DF e SP

Sindicato dos Radialistas do DF

Representantes dos Trabalhadores no Conselho de Administração da EBC 

Comissão de Empregados da EBC do DF, RJ e SP