Depois de ser cobrada pelo secretário de saúde da Bahia, Ivete Sangalo ontem (domingo) em seu Twitter tentou justificar o seu silêncio diante do genocídio: "Não gosto de politicagem. Isso já está claro para todos que me acompanham."
Ela claramente aposta na falta de memória do povo brasileiro, mas nós estamos aqui para refresca-la, pois, se for politicagem para atacar a esquerda, ela topa, né?
Em julho de 2007, Ivete Sangalo virou uma das estrelas do “movimento Cansei". Aproveitando-se oportunisticamente da tragédia da TAM (os familiares das vítimas reclamaram na época que não tiveram voz e denunciaram o movimento de oportunista), empresários, direitistas convictos e ricaços famosos, tendo à frente João Dória, tomaram a iniciativa para “condenar a desordem do governo federal”.
No ato de lançamento em São Paulo, a principal palavra de ordem foi o “Fora Lula”. Líderes da oposição tucana apoiaram o movimento. Ivete Sangalo, Hebe Camargo, Regina Duarte e Ana Maria Braga tiveram as suas imagens estampadas em cartazes e folhetos para atrair populares ao protesto.
Ivete ainda cantou o hino nacional na manifestação. O movimento foi comparado na época à Marcha da Família, que deu apoio ao golpe de 64. Mas, dessa vez, foi um fracasso total. Felizmente para o país.
Mas o curioso é que, hoje, justo quando o país vive um genocídio perpetrado pelo seu presidente e há uma ameaça real de uma ditadura fascista, a Ivete parece ter abandonado todo o seu ativismo político de outrora.
Abandonado? Bem, se formos mais atentos, perceberemos que o silêncio é uma posição política. Há ativismo na não ação. Afinal, quando algo ameaça o país e você escolhe não fazer nada, você, no mínimo, aceita o resultado, ou, pior, o deseja. Por isso, na real, o silêncio de Ivete Sangalo diz muito.