11 de Abril de 1974. William Colby, diretor da CIA, entrega ao então Secretario de Estado norte-americano, Henry Kissinger, um memorando.
Neste documento da CIA uma tomografia do que era, seria e foi a ditadura no Brasil.
O documento da CIA, liberado 50 anos depois, revela: 30 de Março de 74. Geisel se reúne com Figueiredo, então Chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI).
E com mais dois generais. O general Milton Tavares, do Centro de Informações do Exército, informa: 104 pessoas já haviam sido sumariamente executadas.
Com Geisel presidente, mais 89 mortos. Geisel alertou Figueiredo, seu sucessor então no SNI: cabia a eles a autorização para mortes, caso a caso.
Médici, Geisel, Figueiredo foram 3 dos generais-ditadores.
Auto-escalados como presidentes, não apenas sabiam: autorizaram a execução dos que combatiam a ditadura.
Matias Spektor, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, localizou o memorando liberado pela CIA em 2015.
Dois parágrafos do memorando seguem com tarjas pretas, ainda sob segredo da CIA.
O golpe militar de 64 se deu com apoio de amplos setores empresariais, midiáticos e da igreja católica.
A justificativa foi e segue sendo estúpida. E parte do pressuposto de que todos somos estúpidos...
...Instalar uma ditadura, censurar, torturar e assassinar para quê? Para impedir a instalação de...uma ditadura.
Diante dessa estupidez lembremos: militares da ditadura Argentina terminaram a vida condenados e presos. Presidente de 76 a 81, o general Rafael Videla morreu na cadeia.
Em qualquer lugar do mundo é dever-cidadão enfrentar um regime ilegal, um Estado ilegal, uma ditadura.
Mandela, Ghandy, Soljenítsin e Charles de Gaulle, por exemplo, enfrentaram ditaduras. E foram taxados, perseguidos e/ou presos como "subversivos", "terroristas".
A respeito dessas revelações da CIA, Bolsonaro, candidato a presidente, disse:
-Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho e depois se arrependeu? Acontece.
Em um programa de TV, Bolsonaro já defendeu "tortura", "golpe", "guerra civil" e "matar uns 30 mil, a começar por Fernando Henrique".
Numa ditadura eu jamais poderia dizer isso aqui; nem no telejornal nem em rede social. E se dissesse não passaria da esquina.
Numa ditadura vocês, amigas e amigos, hoje só saberiam da lista dos jogadores da seleção convocados para a Copa. Jamais ouviriam sobre listas de assassinados pela ditadura.
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