A querida professora e minha orientadora na Pós-Graduação,
Sonia Avallone, nos brinda com um texto para reflexão sobre as mudanças dos
últimos tempos. Aproveito para sugerir ouvir Changes de David Bowie durante a leitura.
O
Mundo é plano.
Em
1998, a Kodak tinha 170 mil funcionários e vendia 85% do papel fotográfico
utilizado no mundo. Em apenas 3 anos, o seu modelo de negócio foi extinto e a
empresa desapareceu. O mesmo acontecerá com muitos negócios e indústrias nos
próximos 10 anos e a maioria das pessoas nem vai se aperceber disso. As
mudanças serão causadas pelo surgimento de novas tecnologias.
Conforme
exposto na Singularity University Germany Summit, em abril deste ano, o futuro
nos reserva surpresas além da imaginação. A taxa de inovação é cada vez mais
acelerada e as futuras transformações serão muito mais rápidas que as ocorridas
no passado. Novos softwares vão impactar a maioria dos negócios e nenhuma área
de atividade estará a salvo das mudanças que virão. Algumas delas já estão
acontecendo e sinalizam o que teremos pela frente. O UBER é apenas uma
ferramenta de software e não possui um carro sequer, no entanto, constitui hoje
a maior empresa de táxis do mundo. A Airbnb é o maior grupo hoteleiro do
planeta, sem deter a propriedade de uma única unidade de hospedagem.
Nos
EUA, jovens advogados não conseguem emprego. A plataforma tecnológica IBM
Watson oferece aconselhamento jurídico básico em poucos segundos, com precisão
maior que a obtida por profissionais da área. Haverá 90% menos advogados no
futuro e apenas os especialistas sobreviverão. Watson também orienta
diagnósticos de câncer, com eficiência maior que a de enfermeiros humanos. Em
10 anos, a impressora 3D de menor custo reduziu o preço de US$18.000 para
US$400 e tornou-se 100 vezes mais rápida. Todas as grandes empresas de calçados
já começaram a imprimir sapatos em 3D. Até 2027, 10% de tudo o que for produzido
será impresso em 3D. Nos próximos 20 anos, 70% dos empregos atuais vão
desaparecer.
Em
2018, os primeiros carros autônomos estarão no mercado. Por volta de 2020, a
indústria automobilística começará a ser desmobilizada porque as pessoas não
necessitarão mais de carros próprios. Um aplicativo fará um veículo sem
motorista busca-lo onde você estiver para leva-lo ao seu destino. Você não
precisará estacionar, pagará apenas pela distância percorrida e poderá fazer
outras tarefas durante o deslocamento. As cidades serão muito diferentes, com
90% menos carros, e os estacionamentos serão transformados em parques. O
mercado imobiliário também será afetado, pois, se as pessoas puderem trabalhar
enquanto se deslocam, será possível viver em bairros mais distantes, melhores e
mais baratos. O número de acidentes será reduzido de 1/100 mil km para 1/10
milhões de km, salvando um milhão de vidas por ano, em todo o mundo. Com o
prêmio 100 vezes menor, o negócio de seguro de carro será varrido do mercado.
Os
fabricantes que insistirem na produção convencional de automóveis irão à
falência, enquanto as empresas de tecnologia (Tesla, Apple, Google) estarão
construindo computadores sobre rodas. Os carros elétricos vão dominar o mercado
na próxima década. A eletricidade vai se tornar incrivelmente barata e limpa. O
preço da energia solar vai cair tanto que as empresas de carvão começarão a
abandonar o mercado ao longo dos próximos 10 anos. No ano passado, o mundo já
instalou mais energia solar do que à base de combustíveis fósseis. Com energia
elétrica a baixo custo, a dessalinização tornará possível a obtenção de água
abundante e barata.
No
contexto deste futuro imaginário, os veículos serão movidos por eletricidade e
a energia elétrica será produzida a partir de fontes não fósseis. A demanda por
petróleo e gás natural cairá dramaticamente e será direcionada para
fertilizantes, fármacos e produtos petroquímicos. Os países do Golfo serão os
únicos fornecedores de petróleo no mercado mundial. Neste cenário ameaçador, as
empresas de O&G que não se verticalizarem simplesmente desaparecerão.
No
Brasil, o modelo de negócio desenhado para a Petrobras caminha no sentido
oposto. Abrindo mão das atividades que agregam valor ao petróleo e abandonando
a produção de energia verde, a Petrobras que restar não terá a mínima chance de
sobrevivência futura. A conferir.
(Publicado
na revista Brasil e Energia Petróleo e Gás, edição de dez/2016)
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