Via RIP Futebol
Há algumas semanas soubemos do legado que a Olimpíada deixou no Maracanã.
Um buraco gigantesco:
6 metros de comprimento
4 de largura
2 de profundidade.
Uma cratera.
Aberta na face do campo que nos acostumamos a amar.
E que agora se apresenta machucado, nú, agredido e abandonado.
Tudo isso para quê? Para Anita subir de repente acenando para a multidão? Para erguer uma surpresa qualquer na festa de abertura paralímpica?
Mais uma agressão ao velho Maracanã.
(Quem lembra lembra, sabe o que fizeram e nunca perdoará).
Trataram como se não fosse nada, da mesma forma que tratam o futebol.
“É um buraco de 30 centímetros”, disseram.
“Vai fechar, é só plantar grama”, disseram
“São homens correndo atrás de uma bola”, bostejaram.
Pois bem.
Para mim não é.
Para mim é o Maracanã.
Para mim nem Deus, no dia do juízo final, tem permissão para agredir o gramado, quando os mortos saírem de suas tumbas.
Imagino que a alma fantasmagórica do maracanazzo talvez esteja enterrada ali.
Vi a queda da marquise monumental, vi colocarem cadeiras, o fim da geral.
Vi ingressos a cento e oitenta, sessenta mil pessoas e nenhuma a mais.
Reduzido, vulgarizado, banalizaram o Maracanã.
O mesmo estádio de quando eu era criança, subindo a rampa, junto com o pai, entrando na arquibancada e olhando, palmo a palmo, o tapete verde que brilhava, uma torcida gritando de cada lado.
Um templo do futebol lotado.
Um tempo do futebol agredido, machucado.
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