quinta-feira, 25 de agosto de 2016

ESSE IMPEACHMENT É GOLPE!



Começou hoje no Senado a fase final do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, afastada do cargo há quatro meses. Estamos assistindo a um dos episódios mais lamentáveis da história política do Brasil. Nossa recém e ainda muito frágil democracia está sendo vilipendiada pelas forças políticas mais conservadoras, inescrupulosas e retrógradas que existem no território nacional.

Desde já temos que dizer em alto e bom som que esse impeachment é golpe. É golpe por que operações de crédito, algo muito recorrente na administração pública e praticadas por todos os últimos ex-presidentes e por vários governadores, nunca foi motivo para retirar o representante do executivo. Não há registro na história de um presidente retirado de seu posto por promover movimentações financeiras que não lesam o erário público.

Portanto, se não há crime de responsabilidade, única opção garantida pela Constituição que justifique o afastamento, é golpe.
A esculhambação da Constituição Federal levada à cabo pela direita brasileira é algo constrangedor de se defender. Não à toa, vários líderes golpistas optaram por tirar a máscara e verbalizar que o processo contra Dilma é político e não jurídico. Michel Temer, presidente das sombras e capitão da sabotagem democrática, afirmou publicamente isso. Independentemente da avaliação que possa fazer do governo Dilma, perda de maioria no Congresso, baixa popularidade e erros na condução da economia não são argumentos para derrubar alguém escolhido pelo povo para ocupar a presidência da República.

O golpe em curso é um terrível ataque à democracia e abre um péssimo precedente. A facilidade e celeridade com que Dilma está sendo afastada colocará em xeque qualquer governo que tenha atritos com o Congresso. Tal instabilidade torna fluído o republicanismo, e aproxima o sistema político brasileiro a um “parlamentarismo de ocasião”.

A situação torna-se ainda mais grave quando vemos que o impeachment foi lançado por um corrupto de carreira, Eduardo Cunha. O governo interino se constitui de figuras envolvidas até o pescoço em vários escândalos de corrupção. Braço direito de Temer, Romero Jucá afirmou ao antigo aliado, Sérgio Machado, que havia a necessidade de “estancar a sangria”, referindo-se à Operação Lava Jato. A Procuradoria Geral da República expediu pedido de prisão preventiva ao próprio Jucá, a Cunha, a Renan Calheiros, a José Sarney e outros por tentativa de obstrução de justiça. Ou seja, a cúpula do PMDB está enrascada até a medula. De modo que não tem o menor cabimento afastar Dilma alegando corrupção em seu governo, pois contra Dilma não pesa denúncia. Contra Temer há várias, conforme já revelou a força tarefa da Lava Jato.

Então qual é a verdadeira razão do golpe? A direita brasileira, a grande mídia, setores do judiciário, setores da Polícia Federal, as associações patronais e principalmente os representantes da economia financeira querem se apropriar do Estado brasileiro para torná-lo uma imensa plataforma de valorização do capital financeiro, vender setores estratégicos (como o pré-sal), alinhar o Brasil aos velhos interesses dos EUA, retirar direitos sociais e cortar gastos para favorecer um cenário de altos lucros para investidores. Em poucas palavras, para quem compõe o time dos grandes investidores, o golpe é excelente. Para quem vive do trabalho, ou seja, a imensa maioria da população, o golpe é lamentável. Basta ver as iniciativas já tomadas por Temer: congelamento dos gastos sociais, reforma da previdência, corte no orçamento das universidades federais, entrega do pré-sal, sucateamento do SUS, reforma trabalhista com retirada de direitos, desprezo pelos direitos humanos e por aí vai. Tudo isso em pouco mais de cem dias.

Eis as razões de denunciarmos a farsa em curso. Há alguns meses, o resultado desse processo já é sabido. Não precisaria esperar tanto tempo para o seu fim. A decisão pelo afastamento de Dilma é política, de maneira que não existe argumento jurídico de defesa capaz de reverter a opinião dos senadores comprometidos com o golpe. Estamos assistindo a um teatro de mau gosto, péssimo enredo e final trágico. Teatro este que começou com uma votação patética na Câmara dos Deputados, em que os parlamentares votaram em nome de Deus, suas cidades, amigos e familiares.

O Brasil viverá tempos sombrios. O Estado se fechará aos interesses do povo. Nossos gravíssimos problemas sociais aumentarão a tal ponto que o país se tornará um barril de pólvora. Os golpistas de hoje serão sempre lembrados pelo desastre causado.

Aos defensores da democracia, nosso papel é ocupar todos os espaços para dizer não ao golpe. Aos que não desistem de criar um país justo, solidário e igualitário, as ruas serão o palco de nossas mobilizações.

#MandatoValentePSOL

Nenhum comentário:

Postar um comentário