quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TOM CAPRI É GENIAL


Saiba o que vai
rolar este ano
com Corinthians,
São Paulo, Palmeiras,
Santos e Lusa. E qual
o destino dos demais
clubes (cariocas
gaúchos, mineiros
etc.) e da Seleção.
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(E mais: o que a prancheta de
PVC, a turma do Lance e nossa
mídia esportiva nunca revelam)

Por Tom Capri

Dedicado à maioria dos cronistas esportivos do País, em especial aos mais conhecidos e aqui criticados, como Juca Kfouri, Tostão, Trajano, Sócrates, Milton Neves e Neto, e também a Antero Greco, PVC, Luiz Zanin e Daniel Piza. Todos eles ainda não dominam os principais fundamentos do futebol moderno e são viciados no futebol-escadinha.


Texto principal --- Curto e suficiente

O que realmente está enterrando os clubes brasileiros e a Seleção são a cegueira e a total ignorância da maioria dos dirigentes, treinadores, jogadores, torcedores e cronistas esportivos quanto aos principais fundamentos técnicos do futebol moderno. No Brasil, ainda se pratica o obsoleto futebol-escadinha, já devidamente enterrado nas demais praças mundiais. A maioria de nossos times ainda joga assim, dividida em degraus (escalões, agrupamentos ou grotões, se preferir), que são defesa, meio-campo, ataque e finalização. Esses degraus se isolam em campo e não compõem direito. Nem dá. A bola sai do goleiro e vai assim, de degrau em degrau, levando uma cara para chegar ao finalizador, isto quando chega. É muito fácil parar um time que joga assim, até o Íbis consegue, se estiver bem armado. Basta fazer paredes lá na frente (marcação sob pressão), para impedir que a bola avance para os demais degraus, ou seja, para impedir que ela chegue ao finalizador (que, no futebol-escadinha, joga “enfiado”, à espera da bola, e acaba sendo “menos um” em campo, na marcação e armação --- vide Luís Fabiano, Adriano etc.). Repare que os clubes em melhor situação, no Brasileirão, são os que já abandonaram o futebol-escadinha, como Corinthians, Vasco, Flamengo, Botafogo e até o Fluminense. Reza a cartilha do futebol moderno que todos componham em campo. Ou seja, não servem mais os especialistas que exercem só uma ou duas funções, como o centroavante fixo que só faz gol. Apenas os clubes brasileiros os mantêm (e por isso estamos ficando para trás). Hoje, todos têm de girar em campo, ora marcando, ora armando, ora finalizando, exatamente como fazem Louco Abreu, Herrera e Cortês no Botafogo. Por isso, todos os jogadores têm de unir experiência e juventude, para, com muito fôlego, exercer todas essas funções no jogo. Veja a seguir o que vai rolar até o final do ano com um por um dos principais clubes brasileiros, como Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras, cariocas, gaúchos, mineiros etc. Veja também quais os destinos da Seleção, que tem a árdua missão de evitar um novo Maracanaço na Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil.

Agora, o destino dos clubes e da Seleção

Corinthians – Com a saída de Ronaldo Fenômeno, o Timão abandonou o futebol-escadinha (em que ninguém joga fixo), mas vive tentado a voltar a ele, como recentemente, com a estreia de Adriano. Ao contrário do que muitos pensam, o Timão tem sua grande força no ataque, com boas opções como Alex, William, Jorge Henrique, Danilo, Émerson e Liedson. Nenhum destes é brilhante ou craque, mas todos compõem, correm incansavelmente de um lado para o outro, ajudando muito também na marcação e na armação, além de finalizar. Em suma, formam um verdadeiro team, bastante compacto. Émerson, que destoava entre os atacantes pela pouca mobilidade e certa lentidão (não compunha tanto quanto os demais), aprendeu a compor e tornou-se útil ao time. O problema é que nem os dirigentes nem o técnico Tite e os jogadores têm consciência de que é preciso evitar o futebol-escadinha.
Na verdade, nem sabem que ele existe. Volta e meia, quando alguém se machuca (como Liedson, recentemente), Tite torna a insistir no futebol-escadinha, e aí o time desanda. Se continuar jogando da forma compactada como voltou a fazer, o Timão é sério candidato ao Brasileirão deste ano. Mas pode ceder à tentação e voltar ao obsoleto futebol-escadinha (por exemplo, aproveitando mais Adriano), e aí com certeza experimentará nova queda, entregando o título de mão beijada. Isto nunca é mostrado pela prancheta de PVC, pela turma do Lance e pela maior parte de nossa mídia esportiva, de Juca Kfouri, Tostão, Trajano, Sócrates e Milton Neves a Neto.

São Paulo – O maior exemplo de cegueira e ignorância, no futebol brasileiro de hoje. Começa que contratou Rivaldo, que só foi um jogador moderno quando campeão do mundo em 2002 e atuou na Europa (Barcelona). Hoje, além de tudo, não tem mais aquele fôlego nem aquele arranque. Se ainda arma muito bem e finaliza como craque, não vai mordido para o desarme, como deve fazer o atacante moderno. Ou seja, não tem mais fôlego para correr atrás da bola como é necessário. Além disso, o Tricolor repatriou Luís Fabiano, que sempre foi aquele centroavante fixo e de ofício que joga avançado à espera da bola (quando no Sevilla e na Seleção, até que voltava para ajudar na marcação, mas nunca soube fazer direito este papel, no qual comete muitas faltas, inclusive para cartão vermelho, e ainda por cima não está em forma).
Certos estariam os técnicos do São Paulo se continuassem aproveitando tanto Rivaldo quanto Fabiano apenas nos 15 minutos finais, como arma secreta, o que o valha. Acontece que Carpegiani insistiu em rejeitar o futebol-escadinha o quanto pôde, até ficar mal com a diretoria e a torcida, e cair. E agora chegou a vez de Adílson Batista. Se fosse durão quanto Carpegiani, só teria escalado Rivaldo e Fabiano nos 15 minutos finais, se tanto. Mas, se o fizesse, teria sido chamado de burro pela torcida e teria caído muito antes. Para se manter no cargo, fez as vezes da diretoria e da torcida, passou a escalar Rivaldo (às vezes) e Luís Fabiano para jogarem o tempo inteiro, e aí deu no que deu: o São Paulo caiu muito de produção (tornou-se vulnerável com a presença dos dois jogadores), e sobrou para Adílson Batista.
E o Tricolor tem ainda um terceiro jogador-problema: o craque Lucas é outro que não compõe muito. Tem aquelas arrancadas, é exímio finalizador, mas não está sempre mordendo para roubar a bola, como deve ser o atacante moderno. Uns dois anos na Europa ensinariam o jogador a compor. Se o São Paulo continuar a insistir em Rivaldo, Luís Fabiano e Lucas, principalmente jogando juntos, prevejo que ficará outros dez anos na fila, sem título importante (e, pasme, os três serão sempre louvados até lá como os heróis do time). Isto a prancheta de PVC, a turma do Lance e a nossa mídia esportiva também nunca mostram.

Santos – É outro que voltou a abraçar o futebol-escadinha, contratando Borges, e por isso não decola mais. O que realmente impressiona no time da Vila é que Muricy aiiiiiiiiinda não sacou isso. Bem, Muricy também é um técnico ultrapassado. Justamente porque é mais um fã do futebol-escadinha. Cego, não percebeu ainda que ganhou três Brasileirões pelo São Paulo sem centroavante avançado e a Libertadores deste ano jogando com uma espécie de meia como centroavante: Zé Love, que compunha muito, ajudava bastante na defesa e na armação, era enfim centroavante que não fazia gols, porém “um-a-mais” e não “um-a-menos”. Zé Love fortaleceu o time o suficiente para ganhar a Libertadores. Se o Santos o tivesse mantido, hoje estaria brigando pelo título.
Só que chamou Borges, que se tornou artilheiro do Brasileirão (hoje com 21 gols) e herói para a torcida, mas não chega nem à final do Mundial Interclubes, se levar o centroavante. E mais: se chegar à final com Borges (contra o Barça, por exemplo), vai ser envolvido de cabo a rabo. O Santos poderá até ganhar o Mundial com Borges, mas vai ter, até lá, de mudar as características do jogador, ensinando-o a atuar como joga hoje o artilheiro Louco Abreu, do Botafogo, o qual, por isso mesmo, tem menos gols. E não sei se dá tempo para ensinar Borges a jogar assim até lá.
Imagine você que Luiz Zanin, comentarista do Estadão, ainda acha que o Santos não anda bem das pernas porque, com a Libertadores nas mãos e já na próxima, está desmotivado (desmotivado a ganhar o Brasileirão? --- Ahahah!). Essa é outra que a prancheta de PVC, a turma do Lance e a maior parte de nossa mídia esportiva nunca mostram.

Palmeiras – Felipão compartilha com Muricy o demérito de ser técnico ultrapassado. É outro fã do futebol-escadinha. Foi campeão mundial em 2002 praticando o futebol-escadinha porque exigiu que todos os atacantes também voltassem para marcar e armar, inclusive o então jovem e lépido Ronaldo Fenômeno. Já no Palmeiras...
Ao chegar ao Verdão, Felipão passou a contar com um dos elencos mais modernos do futebol brasileiro, com atacantes completos como Kléber Gladiador e Valdívia. Acontece que, apesar de contar com os dois, vivia dizendo que o time ainda precisava de um centroavante de ofício, para poder pôr em prática o seu ultrapassado futebol-escadinha. Chamou alguns, que obviamente não deram certo, pois o futebol-escadinha não funciona mais! E aí está o velho Palestra no limbo.
Além disso, é fato que, tão logo voltaram ao Palestra, Kléber e Valdívia deixaram de ser aqueles “que brigam com unhas e dentes pela posse da bola”. Nas suas primeiras passagens pelo Palmeiras, tanto Kléber quanto Valdívia esmeravam-se em roubar a bola, corriam muito mais do que fazem hoje atrás dela. Nessa volta dos dois, estão mais acomodados, não lutam tanto em campo.
Kléber deixou até de ser o velho gladiador. Isto, somado a todos os demais problemas do Palmeiras (como a síndrome da falta de títulos, desfazer-se de bons técnicos e jogadores na hora mais errada, alta cornetagem, entre tantos outros.), só faz com que o Verdão derrape nos momentos mais críticos e continue na fila. Não vejo futuro para o Palmeiras, enquanto não mudar essa mentalidade. Mais uma que a prancheta de PVC, a turma do Lance e a maior parte de nossa mídia esportiva nunca mostram.

Cariocas, gaúchos, mineiros e paranaenses – Até três anos atrás, eram os cariocas que praticavam o futebol-escadinha e frequentemente despencavam para a Segundona, senão para a Terceirona e Quartona (lembram-se do Fluminense, resgatado depois pela mão amiga de Ricardo Teixeira?). Pois é. Mas os cariocas abriram os olhos, embarcaram na canoa do futebol moderno, e hoje os quatro grandes são candidatos ao título (como o Vasco, que além de tudo recebe energias positivas de Ricardo Gomes, que se recupera). Todos jogam sem atacante avançado e fixo, inclusive o Fluminense de Fred, que agora atua mais como meia ou ponta-de-lança, compondo e ajudando como nunca, daí não fazer tantos gols quanto os “paradões” do Brasileirão, como Borges etc.
Quanto aos gaúchos, também estão se dando bem os clubes que abandonaram o futebol-escadinha, como o Internacional, que tem no seu centroavante alguém que ajuda muito na marcação e armação (está sempre voltando), como Leandro Damião, que ainda por cima é exímio matador. Se bem que o Inter tem feito algumas de suas melhores partidas sem Damião (quando joga, por exemplo, só com atacantes que compõem).
Quanto aos mineiros, além de terem voltado ao futebol-escadinha (ainda que com moderação), não dispõem de bons elencos e não contam mais com o Mineirão, que perderam para a Copa de 2014. Acho que, dos três --- Atlético-MG, Cruzeiro e América-MG ---, pelo menos dois vão para a Segundona.
Menção honrosa ao Coxa (Coritiba), Figueirense e Atlético-GO. Os três, mesmo sem nenhum jogador de expressão e sem banco, têm conseguido fazer bonito no Brasileirão, justamente porque se livraram do futebol-escadinha (principalmente, o meu querido Coxa, em que joguei como lateral-esquerdo titular, nas categorias de base). Você já viu alguma vez a prancheta de PVC, a turma do Lance e a maior parte de nossa mídia especializada fazerem menção a isso?

Portuguesa – Insistiu até não dar mais no futebol-escadinha, às vezes confiando no futebol de centroavantes de ofício que jogam enfiados como Christian (entre outros), mas acordou sob a batuta de Jorginho (que o Palmeiras deveria ter mantido) e está voltando à Série A. Se continuar apresentando esse futebol moderno implantado por Jorginho, que exige sempre forte marcação da parte de seus atacantes, a Lusa vai dar trabalho aos grandes do futebol brasileiro em 2012. Aí está outra que a prancheta de PVC, a turma do Lance e a maior parte de nossa mídia esportiva nunca mostram.

Seleção – Sofre do mesmo problema: Mano Menezes é outro técnico ultrapassado, fã ardoroso do obsoleto futebol-escadinha. Infelizmente, não se modernizou como Ney Franco, ex-Coxa e técnico campeão mundial da Sub-20. Insiste em jogar com um finalizador avançado. Pede sempre para que o matador ajude muito na marcação e na armação, mas não há no Brasil um único que saiba fazer tudo isso direito. Quem? Fred? Leandro Damião?, razão pela qual a Seleção não anda bem das pernas.
Se insistir nessa formação caduca, Mano não chega à Copa de 2014, e, se chegar, teremos outro Maracanaço. Ademais, Mano não é um técnico “de verdade”. Dunga, em quatro anos, não conseguiu armar seu time titular. Mano repete Dunga e também ainda não conseguiu formar o seu. E isso é muito ruim.
Sem um time titular, a cada jogo da Seleção o atleta entra em campo para arrebentar e conquistar a posição. Disto resulta que acaba se machucando com muita facilidade, além de comprometer sobremaneira sua atuação e a da Seleção. Aí, é um tal de jogador não conseguir jogar direito nunca, porque, além da falta de tranqüilidade, não conta com um time-padrão nem uma formação-padrão.
Por enquanto, o que temos é só teste, sem estratégias de jogo, e nada de a Seleção deslanchar. Ora, até minha netinha Elisa, de 7 anos, pode dirigir a Seleção assim. Basta ela ir testando jogadores... testando, testando... até que, uma hora, acaba dando certo. Não sei se Elisa precisaria de quatro anos como Dunga para tanto.
Antero Greco, comentarista do Estadão, vem dizendo que Mano está jogando fora as oportunidades de testar jogadores. É claro, Antero, que testar jogadores é fundamental, mas só depois que o técnico já tiver seu time titular e o reserva. Aí, vai tirando um, escalando outro, para ver se fortalece a Seleção. Ficar testando assim até uma hora dar certo, como faz Mano, é burrinho e não leva a nada, a não ser a um novo Maracanaço. Com certeza, isto a prancheta de PVC, a turma do Lance e a maior parte de nossa mídia esportiva também nunca revelam. Entendeu agora por que chamo nossa crônica esportiva de Geni-Press? Abraços a todos.

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