terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Inspiração


Nesta noite a Arena de Pituaçu será palco para um grande jogo de futebol. Bahia e Coritiba duas das maiores torcidas deste país se enfrentam com ares de dever cumprido e numa meia decisão desta segundona. 
Depois de duas rodadas somando um empate e sofrendo uma derrota pífia em São Caetano, o Coritiba pode perder a liderança para um Bahia cheio de apetite. Jogo bom. Duro. Difícil porque o Coxa tem desfalques.
Mas eis que alguns amigos nos refrescam a memória e nos levam prum tempo de glórias em gramados nordestinos. Publico aqui um pouco dessa história contada pelo clube, para que sirva de inspiração nesta noite.



“Esse é o Coritiba, de raça, de garra, de fé e de coração, que trouxe para Curitiba o primeiro grande título nacional conquistado por um clube do Sul do Brasil. A festa foi imensa pelas ruas da cidade. Depois desse feito, somente a conquista do Brasileiro de 1985 gerou um carnaval dessa proporção na capital paranaense.”

           CORITIBA CAMPEÃO DO TORNEIO DO POVO
Campanha: 4 vitórias - 3 empates - 1 derrota
Jogo decisivo: Bahia 2x2 Coritiba
Data: 21/03/1973
Estádio: Fonte Nova
Jogadores: Jairo, Orlando, Pescuma, Oberdan, Cláudio Marques, Nilo, Hidalgo, Neo, Dreyer, Negreiros, Reinaldinho, Sérgio Roberto, Hélio Pires, Tião Abatia, Leocádio, Zé Roberto, Dirceu e Aladim
Técnico: Elba de Pádua Lima (Tim)
Artilheiro da equipe: Hélio Pires (3 gols)


História
O Torneio do Povo reunia os clubes de maior torcida do país. Em 1973, disputaram o torneio os times do Flamengo, Corinthians, Atlético-MG, Internacional, Bahia e Coritiba.
O Coritiba era o atual Bicampeão Estadual, vinha de um 5º lugar no Campeonato Brasileiro e da internacional conquista da Fita Azul, em 1972, cedida pelo conceituado jornal Gazeta Esportiva, de São Paulo. Porém, o Clube não era considerado um dos favoritos. Grande engano, pois um time que tinha Jairo, Orlando, Oberdan, Cláudio, Nilo, Hidalgo, Negreiros, Sérgio Roberto, Tião Abatiá, Hélio Pires, Zé Roberto, Néo, Dreyer, Aladim e Reinaldinho tinha raça, amor e vibração. Tudo isso misturado à mística da camisa alviverde.


Competição

Primeira Fase
No primeiro jogo o Coritiba foi até ao Mineirão e trouxe uma vitória de virada sobre o Atlético-MG por 2x1, com gols de Hélio Pires e Orlando. Foi a primeira vez que um time paranaense venceu no Mineirão.
Na segunda partida, na Fonte Nova, sob calor intenso, o Coritiba começou o jogo bem, e aos 14 minutos do primeiro tempo Zé Roberto perdeu um pênalti. Aos 35 o Bahia fez 1x0, com Picolé. Sem conseguir furar a retranca do time baiano, o Coritiba perdeu a única partida na competição.
Voltando para casa, o Coxa trouxe na bagagem uma vitória e uma derrota. A campanha era boa e o próximo adversário era o Flamengo de Zico e do técnico Zagalo. Mais de 20 mil pessoas foram ao até então Belfort Duarte ver o Coritiba envolver a equipe carioca e, logo de cara, marcar com Hélio Pires. No segundo tempo, Orlando marcou e depois disso o Coritiba desinteressou-se pelo jogo. O placar terminou em 2x0.
Novamente o Verdão jogava no Belfort Duarte, dessa vez contra o Corinthians. Num jogo muito violento, o placar terminou em 0x0. O destaque negativo da partida ficou por conta da falta de Miranda em Tião Abatiá, que só voltou aos gramados dois meses depois.
Na última rodada da primeira fase, o Coritiba viajou até Porto Alegre precisando de um empate na partida frente ao Internacional. Logo aos 8 minutos, Negreiros deu um lindo chapéu no chileno Figueroa (ídolo colorado nos anos 70). Mas o Inter empatou o jogo logo em seguida, com um gol de pênalti de Tovar. A partida terminou em 1x1 e o Coritiba estava classificado para a próxima fase.

Segunda Fase
Estavam classificados Bahia, Coritiba, Corinthians e Flamengo.
A primeira partida do quadrangular seria contra o Corinthians. Antes do jogo, o adversário proibiu o Coritiba de jogar com o atacante Aladim, que estava no Coxa emprestado pela equipe paulista. Esse recurso era muito comum na época. O jogo era uma revanche e o Coritiba queria, em campo, dar o troco da violência usada na partida anterior.
O lateral Miranda, que já havia afastado Tião Abatiá em partida anterior, cometeu falta violenta em Reinaldinho. Orlando cobrou e Oberdã e fez o gol da vitória, aos 43 minutos do segundo tempo. Era o gol que dava início a conquista do primeiro título nacional de um clube do Sul do Brasil.
O jogo seguinte era no Maracanã, contra o Flamengo. Durante a semana, os jogadores do rubro-negro carioca provocaram a equipe alviverde. O atleta Paulo César Caju dizia estar inconformado por perder para um timinho igual ao Coritiba. Pois bem, o Coritiba deu um show e registrou 1x0 nas redes do Maracanã, com gol de Zé Roberto, provando que de timinho, o Coritiba não tinha nada.

Campeonato a parte
O Coritiba precisava apenas de um empate para se consagrar campeão. Jogava contra o Bahia, em Salvador. O Alviverde marcou o primeiro com Aladim, mas logo em seguida o Bahia empatou. O adversário marcou mais um gol de pênalti, depois de um lance confuso onde Hidalgo e Cláudio acabaram sendo expulsos. O Coritiba então teria que jogar mais 30 minutos com 2 jogadores a menos. Eis que prevaleceu a raça do time coxa-branca. O técnico Tim armou a chamada “arataca”, e num lance confuso, Zé Roberto lançou na medida para Hélio Pires. O fato curioso é que, após o apito de um torcedor na arquibancada (Antonio Sá Teles), a zaga baiana parou e o Coritiba empatou a partida. Após o juiz terminar a partida, o time baiano reclamou que não havia existido acréscimo. Os dois times voltaram a campo para jogar mais 3 minutos. Porém, não restava mais tempo, e o Coritiba trouxe para o Sul do país o primeiro título nacional.

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