sexta-feira, 31 de julho de 2009






Trinta e um de julho de mil novecentos e oitenta e cinco

A data mais importante no meu calendário de torcedor coxabranca juramentado que sou. Imagine você um adolescente nos anos oitenta. Num cenário em que o mundo era uma reviravolta só.
Eram nós se desatando, véus se rasgando, cortinas se abrindo, muita gente se aproveitando. Uma confusão.
No Brasil, a década da transição política, da redemocratização em que os sonhos vinham nas bagagens de cada exilado que retornava ao país. Em cada palanque uma promessa, um canto, um sorriso e é claro, uma emoção garantida. No peito aquele grito oprimido saía banhado da lágrima antes contida. Todos acreditávamos.
Na música, o rock brasileiro vingou com o surgimento das maiores bandas brasileiras: Titãs, Barão, Paralamas, Ira, Legião...
Antes, só Secos e Molhados além dos Mutantes. Depois dos anos 80 não me lembro de muita coisa além do Rappa.




No futebol, o surgimento para a eternidade da Seleção Brasileira que foi à Copa da Espanha (aliás, esse foi o dia mais triste de meu calendário como torcedor do escrete canarinho: cinco de julho de mil novecentos e oitenta e dois. Se eu pudesse mudar algo no passado esportivo mudaria o placar desse jogo. Na verdade bastava dar aquele pênalti escandaloso no Zico que o empate era nosso. Mas também olha só de onde vieram os juízes, quanta tradição futebolística:
Árbitro: Abraham Klein {Israel}, auxiliado por Chantam-Sung {Hong-Kong} e Dotschev {Bulgária}. Brincadeira de mau gosto não é mesmo?). Pois essa seleção mesmo desclassificada da Copa82 entrou pra história pelo futebol bonito, pra frente e ás vezes até inocente na ânsia de buscar o resultado sem se preocupar com a marcação.

Voltando aos anos 80, à metade da década. Ao ano mágico: 1985.
Quarta-feira, 31 de julho. Rio de Janeiro. Depois de visitarmos alguns parentes no bairro da Tijuca, bairro tradicional da zona norte carioca, eu Márcia, minha irmã e minha mãe Halina, subimos a pé até o Maracanã. Quando chegamos à porta do então “maior do mundo” vimos um caminhão do corpo de bombeiros com a faixa: Bangu Campeão Brasileiro de 1985. Era minha primeira vez naquele estádio. Subimos a rampa sob provocações de praticamente todas as torcidas do Rio de Janeiro.
O jogo rolou e o Coritiba venceu. Levantou a Taça de Ouro no maior palco do futebol mundial. A conquista, épica, nos pênaltis (porque o mundo da bola precisava parar para ver), avançou pela madrugada do dia primeiro de agosto. Tinha que ser grande assim: começava numa noite e terminava no outro mês. Lembro exatamente que a bola do Gomes entrou no gol aos 28 minutos e temperatura era de 26 graus. Jamais me esquecerei do placar eletrônico piscando: Coritiba Campeão Brasileiro de 1985 !
Desci aquela rampa numa alegria incontida até hoje.
Sabia que iria ser feliz para sempre.



Eis a ficha técnica:
Local: Maracanã (Rio de Janeiro);Juiz: Romualdo Arppi Filho (SP);Público: 91.527 espectadores;Gols: Índio, aos 25 do 1º tempo, e Lulinha, aos 35;Cartões amarelos: Mário, Gomes, Dida e RafaelBANGU: Gilmar, Márcio, Jair, Oliveira e Baby; Israel, Lulinha (Gílson) e Mário; Marinho, João Cláudio (Pingo) e Ado. Técnico: Moisés.CORITIBA: Rafael, André, Gomes, Heraldo e Dida; Almir (Vavá), Marildo (Marco Aurélio) e Toby; Lela, Índio e Édson. Técnico: Ênio Andrade

2 comentários:

  1. Maravilhoso, poucas vezes vibrei tanto!
    Gudry.

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  2. Excelente a passagem, a fidelidade aos acontecimentos e os detalhes fazem do torcedor um apaixonado! Futebol é isso...paixão a flor da pele! Parabéns!

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